Você pratica a autocompaixão?
Vida corrida, acúmulo de tarefas, cobranças… Tantas obrigações diárias nos levam a prejulgamentos e análises rigorosas sobre nós mesmos e os outros. Boa parte delas bastante cruéis e injustas. Falar sobre autocompaixão e, consequentemente, sobre autoconhecimento, pode ser uma fonte geradora de empatia entre nós, seres humanos, nos levando ao caminho para libertação de sentimentos destrutivos como frustração, culpa e inadequação.
A melhor maneira de entender a autocompaixão é despertar a compaixão pelos outros. Por que é tão desafiante admitir quando falhamos, quando agimos mal ou quando não temos paciência com uma determinada situação? Porque o nosso ego fica satisfeito quando projetamos nossas falhas nas outras pessoas? O medo do “espelho” nos leva a nos escondermos de nós mesmos, da nossa imagem real. Para vermos a nós mesmos de forma positiva, muitas vezes, inflamos nosso próprio ego e rebaixamos o dos outros para que possamos nos sentir bem em relação a eles. E isso nos traz uma reflexão: se for preciso me sentir melhor que você para estar bem, será mesmo que estou conseguindo te enxergar com clareza? E além disso, será que sou capaz de enxergar a mim mesmo(a)?
A compaixão que direcionamos a nós mesmos deve ser a mesma que damos para as outras pessoas e vice-versa. Autocompaixão é perceber e aceitar nossa condição humana imperfeita, frágil e repleta de falhas e defeitos.
Desde sempre, somos ensinados a não reclamar de determinadas situações e apenas continuar. Muitas vezes, não nos damos o direito de reconhecer nossos sofrimentos e dificuldades. Se estamos passando por algo complicado, dificilmente paramos, respiramos, meditamos, damos um passo para trás e reconhecemos como aquele momento é difícil para nós. Isso acontece porque vemos nossa dor com muitos julgamentos.
É importante trazer para a consciência que todos nós podemos cometer erros durante nossa vida. Quando nascemos, não assinamos nenhum tipo de contrato que prometemos ser perfeitos e nunca falhar, não é mesmo? Errar é humano. Por mais clichê que pareça essa frase, é a realidade.
A nossa sociedade é muito boa em alimentar essa ideia que não podemos errar e que tudo deve ser minimamente perfeito. Temos que estudar, ter um emprego dos sonhos, casar, ter filhos, adquirir bens e por aí vai. E se isso não acontece em um determinado período e tempo pré-determinados por essa mesma sociedade, somos tidos(as) como fracassados.
A autocompaixão vem exatamente para desconstruir isso. Ter autocompaixão não é permanecer na passividade perante as falhas e erros cometidos. Ela ensina a acolher nossas sombras, aprender com elas, para que consigamos dar passos melhores e mais corretos. Busca, sobretudo, melhorar a situação.
Não se culpe por se acolher diante uma falha ou um erro. Não se sinta fracassado(a) por isso. Não ache que praticar a autocompaixão é colocar os seus problemas em um patamar maior de importância perante os problemas das outras pessoas. Ter autocompaixão significa que ambos os problemas estão no mesmo nível de importância. Ter autocompaixão, é sobretudo, reconhecer a nossa dignidade.