Estamos em um ponto da história que se faz necessário unir a intuição com a razão. À medida que você progride no seu trabalho pessoal de autotransformação, que começa a se desencantar das crenças do passado, consequentemente você vai se esvaziando e algo novo vai surgindo. É normal ir se permitindo ser guiado pela intuição. Mas também nesse momento, é necessário se valer da razão, da lógica, para encontrar caminhos ou soluções para os problemas atuais.
Você esteve ausente por tanto tempo na condução de seu veículo, permitindo que ele fosse conduzido por impulsos inconscientes que geraram consequências. Temos aprendido que nosso destino é construído através de nossos pensamentos, palavras e ações e que, se pensamentos, palavras e ações nascem dos impulsos inconscientes, que têm como base o medo, o ódio e outras dinâmicas negativas, é inevitável que criemos uma atmosfera nociva para a nossa própria vida.
Para encontrarmos saídas e soluções para essa reação destrutiva em cadeia faz-se necessário unir a intuição com a razão. É importante que observemos todas as situações com base nas leis naturais deste mundo, que assim se explica da melhor maneira possível. Mas também com base na sabedoria universal que nasce da nossa profunda interioridade, que muitas vezes se manifesta através de uma lógica que a razão formal não compreende.
O desenvolvimento da ciência ao longo dos últimos séculos, fez com que desenvolvêssemos bastante a razão. Nós nos tornamos hábeis no domínio da matéria. Mas agora, se faz necessário aprofundarmos no mundo do espírito para que enxerguemos com mais clareza aquilo que chamamos de realidade; aquilo que chamamos de matéria. Porque sem acessarmos esse núcleo interior de onde surgem a intuição e a sabedoria universal, nós nunca vamos ter uma visão objetiva da realidade. Nossa visão se torna limitada e incompleta, quando nossa consciência está adormecida. Enquanto não formos capazes de acordar a consciência em nós, não seremos capazes de ver a beleza da vida fora de nós. O que faz de nós limitados e obsediados pelo sentimento da limitação, que se manifesta como impotência, incompletude, insatisfação, mesmo que não saibamos identificar de onde vem esse sentimento de desencaixe. Muitas vezes você se tornou especialista na matéria e pode ir muito fundo no entendimento da matéria. Você dedica seus talentos, dons, esforços para entender cada vez mais como dominar este mundo e às vezes, até mesmo, acredita que vai se libertar do sentimento de desencaixe, incompletude, se você dominar a matéria. Mas não é possível preencher esse vazio se você está se movendo somente através da razão, até porque não é possível encontrar as respostas que você busca somente através da razão. A razão traz algumas respostas, geralmente respostas mais superficiais ou relacionadas à superfície da vida, mas para ter acesso a respostas de questões mais profundas, se faz necessário esse equilíbrio entre o saber e o ser.
Para que possamos colocar em prática essas metas no nosso dia a dia, é necessário encontrar esse equilíbrio. Esse equilíbrio começa a surgir quando você pode estar na condução do seu veículo. As possibilidades para o humano em desenvolvimento são infinitas. Tanto no que diz respeito à luz como na sombra; tanto para subir como para descer; para construir ou para destruir. E você muitas vezes se move de um lado para o outro, mas sem consciência do que está fazendo. Você se destrói e destrói a vida muitas vezes sem perceber, assim como muitas vezes você tem experiências luminosas de alegria, amor, sem nem saber como chegou ali também. Às vezes você tem uma noite maravilhosa com bons sonhos e acorda animado e feliz e às vezes você tem uma noite horrível com pesadelos e acorda sem nenhuma motivação, sem entusiasmo, e você não sabe de onde vem isso. De onde vêm esses sonhos? E esses sentimentos? Ou mesmo no seu dia: você tem dias abençoados, permeados de encontros felizes; permeados de sincronicidades; você se percebe alinhado com uma coisa superior e tem dias que parece que absolutamente tudo dá errado; uma série de encontros e situações desastrosas. De onde vem tudo isso?
Perceba que você é guiado por forças que você não conhece. Às vezes forças sombrias e destrutivas e às vezes forças luminosas, construtivas. Somos guiados pela dualidade, porém de uma forma inconsciente. Você não sabe para onde está indo, você está sendo levado e não sabe para onde. Não sabe se seu carro vai parar num lugar gostoso que você possa desfrutar ou se vai cair em um precipício.
Precisamos aprender e começar tudo do princípio ou da fase zero, que faz você se tornar senhor de si mesmo; que faz você conduzir o seu próprio veículo. A fase zero é ocupar o seu corpo, se colocar total na ação, viver o momento presente. Para isso você precisa estar acordado. Acordado significa parar de fantasiar; parar de sonhar a respeito de você e da sua vida. Esse sonho é o resultado do trânsito entre o passado e o futuro. Essa história que você conta às vezes, tem alguns elementos que são bem difíceis para você abrir mão, porque eles se tornam referências muito importantes de identidade e ocupam tremendamente a sua atenção. E, ocupar o corpo e estar aqui, presente, se torna um tremendo desafio para você. Esses pontos às vezes precisam ser mais bem compreendidos; precisam ser estudados. Normalmente o que te prende nesse ponto são sentimentos negados. O processo de estudo e autotransformação envolve liberar esses sentimentos para possibilitar uma flexibilidade nessa identificação, para que você possa se aventurar em ir além dessa identificação – identificação significa que você acredita ser aquilo.
Vamos, por exemplo, trazer um elemento da história que você conta para você: que você é inseguro e que por isso tem muito ciúmes. Você fica completamente refém dessa crença. Você acredita que é verdade que você é esse eu inseguro e que sente ciúmes. Você se torna esse eu inseguro e ciumento. Isso é identificação. Você está identificado acreditando ser esse eu inseguro e ciumento. É verdade que você é esse eu inseguro e ciumento? Ao menos em teoria sabemos que verdade é aquilo que não muda com o tempo. E ora você é esse eu inseguro e ciumento e ora você é outra coisa. Isso muda então isso não é verdade. O que ocorre é que, às vezes, a identificação é muito forte; você está encantado com essa sua história; você acredita ser esse eu.
O processo do despertar às vezes envolve ter que olhar de frente para isso. Compreender porque você precisou criar essa personagem e porque você está atuando nela até que você possa compreender que só é mesmo uma personagem e que você está atuando. Isso às vezes vem junto quando você tenta implementar a fase zero do processo. À medida que você começa a querer se colocar total na ação, a querer se esvaziar, ocupar o seu corpo, você se percebe sendo arrastado para lugares sombrios dentro de você, porque existe uma identificação muito profunda que ainda não foi ainda devidamente estudada e compreendida. Para compreender melhor estes aspectos você tem recebido um pouco de teoria e algumas técnicas. O que realmente vai fazer diferença e você continuar seus estudos e colocar os ensinamentos em prática com disciplina.